A Razão do Amor (Ali Hazelwood) - Antes era 100% fã da Ali, agora sou 110%!

 

Sabe quando você lê o livro de algum autor e você até gosta dele, mas não tem certeza de que vai gostar do próximo lançamento? Esse foi o principal motivo para eu ter demorado tanto (meses adiando) para ler A Razão do Amor, da mesma autora de A Hipótese do Amor.

Eu gostei do primeiro romance de Hazelwood, gostei mesmo, li em dois dias de tão rápida e divertida que foi a leitura, mas achei uma narrativa pobre e mal feita, com alguns defeitos aqui e ali. Os problemas pelos quais a protagonista passa nos últimos capítulos me irritaram demais porque era muito novelesco, tudo podia ter sido resolvido de uma forma bem mais simples, fora a demora para o casal ficar junto. Com todo esse trauma que A Hipótese do Amor me deixou, fiquei com muito receio de ler os livros seguintes da autora, até que li a trilogia de novelas Odeio te Amar (que já tem resenha aqui no site) e percebi que eu posso até me irritar e me incomodar com algumas coisas que Hazelwood coloca, mas a leitura vai continuar valendo a pena de tão divertida que é, fora que às vezes eu só preciso de um romance leve e clichê pra espairecer um pouco. Eis então que pego o segundo romance da autora e me apaixono por completo.

O Amor Contra-Ataca

Bee Königswasser é uma neuro cientista (assim como a autora!) que trabalha para um instituto de pesquisa o qual está trabalhando em conjunto com a NASA para construírem um capacete que aumente a percepção dos astronautas. Esse é o trabalho dos sonhos dela… até que Bee descobre que vai co-liderar com o seu maior rival, Levi Ward, um cara que a desprezava na época do doutorado ao ponto de nem se comunicar com ela. Ainda assim, ela não vai permitir que isso a impeça de fazer o seu trabalho e ajudar a ciência com esse grande projeto, mas será que ela está certa sobre todas as coisas que pensa?

Desde o início ocorrem sabotagens no projeto, Bee nem mesmo recebe os emails que deveria receber ou consegue ter acesso à própria sala (a qual, aliás, está sem equipamento algum), mas quando ela confronta o aparente responsável por tudo isso (surpresa, ela acha que é Levi), Bee descobre que o buraco é mais embaixo, entrando aqui um ponto muito interessante do livro. Enquanto ela acha que Levi é quem a está sabotando, na verdade é o próprio supervisor do projeto por parte da NASA já que, como é um trabalho em conjunto, a patente teria que ser dividida entre as duas instituições, mas não é isso que a NASA quer mesmo que o projeto acabe sendo engavetado por um ano ou mais. Desde o início (e também do livro passado), Ali Hazelwood soube como colocar os problemas e defeitos que o meio científico tem, desde o machismo e diferenças de gênero até a forma como empresas colocam o lucro acima da ciência, e nesse livro não é diferente: por mais que o capacete seja um projeto que possa ajudar a humanidade em diversas áreas, há a possibilidade desse projeto ser engavetado somente porque uma das partes não quer dividir a patente, o que é deixado de lado logo em seguida pois descobrem que uma outra empresa está produzindo o mesmo projeto, com finalidades diferentes, e isso se torna então uma corrida contra o tempo para a criação do capacete.

Além dessa questão do projeto, Bee também é a administradora anônima da página do Twitter O que Marie faria (Bee é extremamente fã de Marie Curie e a usa como uma grande guia de sua carreira), onde lá ela comenta sobre as problemáticas do meio científico e que vez ou outra tomam grande repercussão. Foi por meio dessa página que Bee conheceu @Shmacademics, outra página com um administrador anônimo que também comenta sobre os problemas do campo acadêmico e científico e que se tornou um grande amigo de Bee. Não é preciso pensar muito para o leitor descobrir quem é @Shmacademics logo na sua primeira aparição. Na verdade, esse é um ponto que está presente em todo o livro: não é preciso pensar demais sobre o que vai acontecer durante o decorrer da história porque é tudo bem clichê e previsível. Mas isso é um problema?

Hey beautiful

A principal lição que aprendi ao assistir How I Met Your Mother (se você não assistiu, espero que já tenha saído da caverna onde estava preso) é que o que realmente importa não é o começo de uma história ou como ela termina, mas sim o meio. O final de HIMYM foi imprevisível e um tanto revoltante? Foi. Mas é a partir desse sentimento que você descobre que o final é só uma parte muito pequena de uma história maior que está sendo contada, a mesma coisa acontece com A Razão do Amor. Você sabe o que vai acontecer no final, sabe quem é o vilão da história e o que está acontecendo para as coisas darem errado, sabe qual vai ser o plot da amiga de Bee, você sabe tudo o que vai acontecer logo nos primeiros capítulos do romance, mas não é por causa disso que você pegou esse livro para ler: mesmo sabendo o que vai acontecer, você continua lendo porque é um livro super divertido de ler com um romance fofo e que vai crescendo aos poucos, os personagens são apaixonantes e o leitor devora cada página.

Um ponto muito interessante desse livro é como Hazelwood se colocou dentro dele, como várias críticas que os personagens fazem às instituições acadêmicas e de pesquisa são críticas da própria autora, que além de neurocientista também é professora, ou seja, ela tem local de fala para vários dos argumentos que ela coloca dentro dos seus livros, não só em A Razão do Amor. Bee é extremamente divertida e a protagonista que mais me cativou entre os livros da autora, é aquele tipo de personagem que você queria ter como amiga. E Levi… o que dizer de Levi além de que ele é o cara mais perfeito já escrito na história das comédias românticas?

Só tenho duas críticas a esse livro: a primeira é que o final é um pouco corrido, muita coisa acontecendo e uma revelação que pareceu meio absurda, mas nada improvável, só gostaria de ter tido um pouco mais de construção nessa parte. E a segunda é que por mais que o casal principal seja cativante, fisicamente eles são iguais aos outros casais dos livros de Hazelwood. Nada contra os caras altos e musculosos, inclusive adoro, mas o ponto é que não há uma variação desse casal desde o primeiro livro e acaba por se tornar um pouco repetitivo. Fora isso, foi um livro incrível e que se tornou um favorito pra mim (o que é bem raro em livros de romance).


❧ A Razão do Amor (publicado originalmente em 2022)

❧ Ali Hazelwood

❧ 336 páginas

❧ Editora Arqueiro

❧ Tradução de Raquel Zampil

❧ 5★

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